IN A WEEK
Com tudo o que o mundo está passando, conceitos como tempo, morte e proximidade ganharam uma nova significação, e querendo ou não são temas que nos trazem novas reflexões.
Esses conceitos podem ser encontrados em In a Week, do Hozier com a Karen Cowley, música de 2014, e que talvez por ironia do destino (ou do spotify), não para de tocar no meu aleatório.
A música possui em si dois elementos que de alguma forma se contradizem (pelo menos pelo pensamento lógico): enquanto a melodia é suave e encantadora, a letra é sombria, e até um pouco mórbida, falando da morte e de corpos em decomposição. Mas, mesmo nessa possível contradição, há algo de belo e reconfortante.
A melodia, com uma pegada um tanto quanto folk, invoca, principalmente quando as vozes se juntam, algo quase que místico, e que remete, não por acaso, à floresta que é, mesmo que não descrita na música, uma associação que pode ser feita ao ouvi-la.
Há ainda a presença implacável do tempo. No início, há essa alusão à ele e ao quanto pode, apesar de tudo, ser entendido (e sentido) de forma subjetiva ("We lay here for years or for hours").
A presença de uma conformidade com a situação, observando seu lado "positivo", demonstra a perenidade da morte e do amor descrito. A simbiose com o ambiente e a natureza evoca o ciclo da vida (retornar à terra servindo de alimento). Apesar de tratar do tabu da morte, a experiência de ouvir e sentir essa música, é agradável, e esse reconhecimento do destino final que aguarda a todos não acrescenta pesar ao ouvinte.
Para a representação visual, escolhi criar uma arte que unisse os seguintes conceitos: morte, amor verdadeiro, natureza/floresta e efêmero.
Com esses conceitos, decidi remeter à letra da música, porém tentando sair do lugar comum e usando de simbologia.
O frame do trabalho é no formato de uma ampulheta, como referência ao tempo que implacável transforma os jovens amantes em dois esqueletos.
No antes, escolhi fazê-los direcionados para a direita, pois são jovens e pensam ter todo o futuro pela frente. No depois, virados para a esquerda, pois já estão mortos e o passado é a única coisa que lhes pertence.
No antes, ambos vestidos de branco (simbolizando a ingenuidade da juventude) contrastam com a escuridão que os cercam. No depois, eles estão totalmente integrados ao ambiente que os cerca, e portanto se confundem com a escuridão.
Once again made for a Semiotics II class at Unesp, Brazil.
Charcoal on paper. Scanned and cleaned up with Photoshop.
My try to make it into an actual poster later.
Free mockup from http://50graphics.com/
in a week
Published:

Owner

in a week

Traditional illustration made with charcoal on paper for a Semiotics II class at Unesp, Brazil. I was inspired by Hozier's In a Week and its desc Read More

Published: