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Modelos de Negócio: Slow Fashion e Fast Fashion

      Tanto o slow fashion, quanto o fast fashion são modelos de negócio recorrentes das necessidades de determinadas épocas em relação a diferentes posicionamentos nos processos de produção e consumo, gerando diversos efeitos socioambientais e socioeconômicos.    

      O fast fashion surgiu baseado em um modelo de produção chamado de "quick response", que por sua vez é um método que busca tempos de entrega cada vez mais velozes, preço reduzido e maior competitividade, com o objetivo final de suprir as necessidades do consumidor de forma eficaz e rápida. Nos anos 90, essa nova forma de produzir e entregar o produto da moda veio do anseio do público em consumir tendências sem que houvesse a espera de seis meses até a entrega das peças apresentadas nas semanas de moda mais relevantes do mundo. A eficácia em atender em larga escala o imediatismo dos consumidores fez desse um modelo de negócios bem aceito entre as pessoas. Os itens oferecidos são, normalmente, sazonais, projetados para satisfazer a necessidade momentânea do consumidor. Há uma vasta oferta de mercadorias nas lojas e a disposição dos produtos é feita de modo que o cliente possa se auto-atender. As vitrines são mudadas num período muito curto de tempo (aproximadamente 1 semana entre uma troca e outra) e constantemente há produtos em liquidação. 
     Sem dúvida, o consumo acelerado fomenta o mercado e impulsiona a economia. Os preços baixos possibilitam a compra por pessoas de diversas classes sociais. As empresas desse mercado geram empregos em seus diversos departamentos e também investem no avanço da tecnologia.
     Os serviços terceirizados de produção contratados por essas empresas estão localizados em países subdesenvolvidos, para baratear os custos de produção. No entanto, as fábricas contratadas para produzir as mercadorias não passam por uma inspeção de segurança, resultando em condições insalubres de trabalho para os empregados da confecção que, legalmente, não são de responsabilidade da empresa contratante em caso de eventuais acidentes. 

     Já o slow fashion, criado em 2007 pela pesquisadora Kate Fletcher, manifestou-se como uma alternativa ao modelo de produção em massa de roupas, tendo como intuito a conscientização do consumidor em relação a ética trabalhista e valorização da mão-de-obra, principalmente local. O slow fashion traz em seu conceito a ideia de um processo de produção mais lento e cuidadoso, em pequena ou média escala, utilizando matérias-primas orgânicas e evitando ao máximo gerar resíduos que poluam o meio ambiente, investindo também em pesquisas tecnológicas na área têxtil . A cadeia de produção como um todo tende a ser humanizada, incorporando práticas do comércio justo, valorizando o trabalho de cada indivíduo envolvido e também os métodos artesanais utilizados por eles.
     O ritmo de consumo do slow fashion é mais lento e cuidadoso. Seu consumidor qualifica-se por ser mais seletivo em suas escolhas de compra, estando atentos aos valores sociais e ambientais cultivados na cadeia produtiva que concebeu a mercadoria em que está interessado. Os produtos oferecidos por esse mercado podem ser vistos como investimentos a longo prazo, devido ao seu processo de desenvolvimento cuidadosamente pensado para obter um produto duradouro, tanto esteticamente, quanto materialmente. 
     Os preços elevados, ainda que justos, dificultam o amplo acesso aos produtos, o que pode ser um empecilho para aqueles que não possuam tanto poder aquisitivo. Os impactos econômicos e ambientais são observados a médio e longo prazo, tal como o retorno financeiro, o que talvez seja um dos principais obstáculos para as marcas que buscam esse caminho. 
      
     Apesar das diferenças entre os dois modelos de negócio, ambos tem um ponto em comum: a busca pelo lucro. 
A lucro é a máxima dentro do sistema capitalista e não há como sustentar um negócio sem que haja o mínimo de retorno monetário para manter seus trabalhadores e suas estruturas. A diferença que se manisfesta é justamente nos meios percorridos para atingir tal lucro e em como a sua distribuição é feita dentro da cadeia produtiva utilizada por cada empresa.  
Modelos de Negócio: Slow Fashion e Fast Fashion
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Modelos de Negócio: Slow Fashion e Fast Fashion

Texto acadêmico sobre Fast Fashion e Slow Fashion como modelos de negócio

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