Diabetes: quais os principais tipos e as melhores formas de tratá-los?
O crescimento no número de casos de diabetes no Brasil é alarmante. De acordo com a OMS, no país, o número de casos aumentou em 61,8% entre os anos de 2008 e 2018. Atualmente, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking de países com o maior número de diabéticos do mundo, segundo dados do International Diabetes Federation (IDF). Enquanto isso, números da Sociedade Brasileira de Diabetes estimam que 13 milhões de brasileiros têm a doença e que cerca de metade deles não sabem que são portadores.

A nutricionista Julia Vilas Bôas, especialista em diabetes, descobriu que tinha a doença ainda na infância. Ela conta que decidiu se especializar na doença quando percebeu que não existiam muitos médicos especialistas em diabetes no Brasil.

Nas palavras da nutricionista, a diabetes pode ser definida como “uma doença metabólica em que o pâncreas não funciona de forma correta. Ou ele pode parar realmente de funcionar ou ele funciona de uma forma mais lenta, produzindo pouca insulina.”

A insulina é um hormônio responsável por regular os níveis de glicose no sangue. Quando ocorre a hiperglicemia (pouca quantidade de insulina circulante no sangue), podem ser apresentados sintomas como cansaço, tontura, sede intensa, constante vontade de urinar e dores de cabeça. Na diabetes causada por problemas no pâncreas, causando pouca produção de insulina, as altas taxas de glicose podem levar a complicações no coração e nas artérias, assim como nos nervos e rins e, em casos mais graves, a doença pode levar à morte.

A diabetes depende de alguns fatores para acontecer. O principal deles é o fator genético, mas a qualidade de vida também tem uma grande influência no desenvolvimento da doença. “A pessoa é obesa, não se alimenta de forma saudável, leva uma vida sedentária. Tudo isso pode desencadear, ou não, a doença”, esclarece a nutricionista.

A doença se apresenta em três principais tipos: diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e a diabetes gestacional. A mais comum é a diabetes tipo 2 que, de acordo com Júlia, são 90% dos casos de diabetes. Esse tipo de diabetes é caracterizado pela produção insuficiente de insulina pelo pâncreas, ou quando o organismo não consegue utilizar a insulina produzida de forma eficaz. No geral, o tratamento para a diabetes tipo 1 é feito com comprimidos antidiabéticos e raramente com insulina injetável.

A diabetes gestacional é um processo que ocorre apenas durante o período da gravidez, quando a mulher passa a ter uma resistência à insulina temporária por conta das alterações hormonais provocadas pela própria gestação. O tratamento para esse tipo de diabetes é, no geral, feito com aplicações de insulina por tempo determinado.

“Ela [gestante] pode tanto ficar diabética, como pode não ter mais. Mas é o que acontece na maioria dos casos, quando a mulher deixa de ser gestante, ela deixa de ser diabética, mas pode continuar se tiver outras predisposições”, explicou a especialista.

Já a diabetes tipo 1 é a de caráter mais hereditário das três. Ela ocorre, normalmente, na infância e na adolescência quando o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. Nesses casos, é comum que o tratamento seja feito com injeções de insulina, além do monitoramento constante da glicemia.

Exercícios físicos regulares associados a uma boa alimentação são de extrema importância para todos os tipos de diabéticos, não só para a regulação dos níveis de glicose no sangue, mas para prevenir as complicações mais severas da diabetes.

Segundo Julia, “todos os alimentos têm carboidratos e 100% dos carboidratos viram açúcar”. E, por esse motivo, uma alimentação com quantidades reguladas de carboidratos pode elevar a qualidade de vida de pessoas com diabetes.

A Doutora Juliana Vilas Bôas atende na clínica Vida e Saúde e promove a contagem de carboidratos, um tratamento muito eficaz no combate à diabetes pois tem a finalidade de manter os níveis glicêmicos equilibrados através da contagem dos gramas de carboidratos por alimentos.

“Meu objetivo é justamente trazer a contagem de carboidratos para a vida do paciente diabético. Eu vou ensinar a ele a como contar os carboidratos, como escolher de forma adequada os carboidratos. E assim ele tem uma vida com mais liberdade.”
Com o controle de carboidratos, além da maior autonomia do paciente em questão de escolher os alimentos que poderá consumir, mantendo os níveis glicêmicos regulados, também é possível, para alguns pacientes, que possa haver uma diminuição da necessidade do uso da medicação para diabetes.

A ideia de contar cada carboidrato consumido no dia pode parecer uma tarefa complicada e até inviável, mas com acompanhamento médico e a elaboração conjunta de um plano de alimentação, é possível tornar isso um hábito na vida do paciente e, após se tornar um hábito, “é igual a escovar os dentes", afirma a Doutora Juliana.
Como a internet pode afetar a saúde mental de crianças e adolescentes?
No primeiro episódio do Programa Vida e Saúde Pra Você, conversamos com a psicóloga da clínica, Diana Carolina, sobre como as redes sociais podem influenciar na saúde mental de crianças e adolescentes, especialmente nesses tempos de pandemia, em que passamos mais tempo em casa do que o de costume e, consequentemente, mais conectados às redes sociais. 
Estudos realizados em 2018 pela agência especializada em mídia social, We Are Social, demonstraram que, no Brasil, 66% da população são usuários ativos nas redes sociais e 61% deles acessam por meio de dispositivos móveis. A pesquisa ainda apontou que os brasileiros gastam o total de nove horas por dia na internet e em média quatro horas nas redes sociais.
Os nascidos na chamada “Geração Z”, que são crianças e adolescentes que já cresceram inseridos no contexto de um mundo com amplo acesso à internet e, de modo geral, tem acesso às redes sociais desde muito cedo, fazem parte da geração que mais sofre com os efeitos negativos da alta exposição à rede.

Sobre a idade em que as crianças poderiam começar a ter acesso às redes sociais, a psicóloga afirma que “não tem base científica ainda para determinar uma idade ideal”. Ela propõe que os pais determinem quando os filhos poderão começar a usar as redes sociais “quando percebem um nível de maturidade” neles.

“A gente sabe que a maturidade é uma questão muito peculiar e subjetiva de cada um. Tem uns que vão amadurecer mais, outros vão demorar um pouco. E o pai diante das próprias vivências com os filhos ele vai tirando as próprias conclusões se esse jovem vai estar preparado ou não”, disse a psicóloga.

Ela relembra também a importância do diálogo dos pais com esses jovens para estipular um horário em que poderão usar a internet e de reafirmar suas responsabilidades fora do mundo virtual e que os pais também devem “buscar alternativas que gerem prazer e bem estar no contexto familiar”. Diana ainda ressalta que, durante as férias, os estudo não deveriam ser totalmente excluídos da rotina das crianças para que elas passem o menor tempo possível conectadas, mas relembra: “sabemos hoje que não podemos ficar sem o uso do celular, do notebook, até por questões de trabalho, pessoais, então fica inviável eu aqui, como profissional, dizer para excluir completamente esses recursos”.

O uso das redes sociais fornece aos seus usuários recompensas contínuas que eles não recebem na vida real. A validação ao receber likes, comentários e visualizações ativa a recepção de um grande volume de dopamina no cérebro, similar ao que acontece com o uso de álcool ou drogas, então os usuários acabam se envolvendo cada vez mais na atividade e esse uso contínuo acaba levando a vários problemas interpessoais.
Para Diana, o vício na internet pode se dar por que essa tem sido “uma válvula de escape” para os adolescentes e também adultos que querem fugir das frustrações no dia a dia.
“A internet é um artifício de fuga dessa realidade que muitas vezes é estressante, que é desmotivadora e dentro da internet muita coisa é permitida, e é aí que mora o perigo, que a vida real se confunde com a vida virtual”, afirma a psicóloga. 
Um estudo divulgado em 2014 pela Public Health England, agência do sistema de saúde público britânico, apontou que crianças que passam muito tempo na internet têm grandes chances de desenvolver problemas de saúde mental. O relatório demonstrou que as crianças que passam mais de quatro horas na rede são as que mais têm propensão a desenvolver problemas como depressão, solidão, ansiedade e baixa autoestima.

Essa alta exposição das crianças e adolescentes à internet também aumenta o risco de exposição a comentários negativos e bullying virtual. Mais recentemente, a pesquisa da National Health Service Digital, sobre a saúde mental de crianças e jovens na Inglaterra, publicada em novembro de 2018, descobriu que: “uma em cada cinco crianças de 11 a 19 anos havia experimentado cyberbullying no último ano (21,2%). As meninas eram mais propensas do que os meninos a terem sido vítimas de cyberbullying: uma em cada quatro meninas experimentou isso (25,8%) em comparação com um em cada seis meninos (16,7%) [...] Menos de um em cem jovens relataram ter sido vítimas de cyberbullying pelo menos uma vez por semana (0,6%)”.
POR QUE DEVEMOS CUIDAR DOS DENTES DESDE MUITO CEDO?
Apesar de sermos lembrados constantemente sobre a importância dos cuidados com a nossa saúde bucal, estima-se que de 80 à 90% da população mundial tenha cáries e que seis em cada dez crianças até cinco anos apresentam a doença em ao menos um dente, isso sem contar com outras doenças bucais como a gengivite, halitose e outros. Além disso, uma pesquisa do Ministério da Saúde também demonstrou que cerca de 2,5 milhões de brasileiros nunca tiveram uma consulta com um odontologista.

Os cuidados com os dentes vão muito além da estética. Doenças bucais como a cárie e a gengivite podem levar a diversos problemas como a perda dos dentes e, acredite, até a doenças gastrointestinais e de coração. A boca é um dos lugares do corpo humano que mais possuem bactérias e, através dessas doenças que levam a inflamações e a lesões na boca, essas bactérias podem entrar nas vias sanguíneas, instalando-se em outros órgãos do corpo e causando graves problemas de saúde como broncopneumonia, insuficiência cardíaca, parto prematuro e até infecção generalizada.

Mesmo com os tratamentos disponíveis atualmente para tratar dessas doenças, o que todos os odontologistas concordam é que a prevenção é a resposta principal para evitá-los. Devemos começar a cuidar desde cedo da saúde bucal para que isso torne-se um hábito que levaremos até a fase adulta. Conversamos com a odontopediatra Paula Goretti para entender melhor sobre os cuidados com a higiene bucal das crianças.

Nas palavras da Dra. Paula, a odontopediatria pode ser definida como “uma das especialidades da odontologia que cuida, que promove e trata desde a gestação até a adolescência. Então envolve a gestação, o pré-natal odontológico, a saúde bucal dos bebês, das crianças e dos adolescentes. Lembrando que essa especialidade reúne uma clínica integrada, por que a gente atua tanto na cirurgia, quanto no tratamento de canal, quanto nas restaurações e na prevenção".

Além das consultas odontológicas durante a gestação para prevenir problemas de desenvolvimento do feto, as visitas regulares ao odontopediatra devem começar desde os primeiros meses de vida do bebê, mesmo que não apresenta dentição, para orientar os pais sobre os cuidados que devem ser mantidos em casa e avaliar se existem disfunções na amamentação. “Não é só cuidar do dente, é cuidar de um ser. E essa mãe muitas vezes vem sem orientação”, ressalta.

Em alguns casos mais raros, a odontopediatra revela que os bebês podem ter anquiloglossia, uma condição em que os bebês nascem com dentes o que “atrapalha a amamentação” e, muitas vezes, esses dentes são moles, o que provoca o risco do bebê “engolir e sofrer asfixia.” Nesses casos, é necessária uma intervenção cirúrgica para remover esses dentes.
Quanto aos os bebês recém nascidos que não apresentam dentição, Paula diz que evidências científicas mais atuais apontam que "não há necessidade de limpar a boquinha do bebe até os 6 meses na amamentação exclusiva, porque o leite materno já tem o próprio fator de proteção”. Desse modo, apenas após o aparecimento do primeiro dente deve-se começar a escovação com creme dental e escova prescritos por um profissional.

Em casos onde a alimentação do bebê consiste em outros alimentos sem ser o leite materno, Dra. Paula explica que não existe um consenso científico sobre a limpeza da boca do bebê nesse tipo de caso. Por esse motivo, o acompanhamento profissional é importante. “Quando o bebê é acompanhado, a gente que vai identificar se é necessário ou não. E se tiver alguma doença instalada a gente também vai saber agir a tempo.”

Para a Doutora, o primeiro passo para o cuidado com a saúde bucal das crianças é o exemplo dos pais, pois eles são a maior referência dos filhos, que aprendem através da reprodução de seus comportamentos. “Hábito é uma coisa que a gente só consegue executado diariamente. então É preciso que o pai supervisione essa higienização e é preciso que ele oriente”, lembra Paula. A recomendação dela é que os pais estimulem a escovação dos dentes três vezes ao dia, especialmente antes de dormir, e que os pais ou cuidadores não recompensem as crianças com doces, dado que o açúcar é um dos principais fatores que desencadeiam a cárie.

Ela ainda orienta que seja feita, em média, uma visita a cada seis meses ao odontologista para exame clínico e para a realização de uma profilaxia. “A profilaxia é uma limpeza que a gente faz com motor rotatório com uma pasta profilática adequada, profissional, e que a gente vai removendo biofilme dental aquela película que fica por cima do dente e que a nossa escovação não é capaz de remover”, explica.

O biofilme dental, ou placa bacteriana, é mais um dos diversos fatores de risco no desenvolvimento de cáries e do tártaro nos dentes. A cárie é uma doença multifatorial, ou seja, depende de diversos fatores para desenvolver-se. Restos de alimentos, o consumo excessivo de açúcar e a má higiene, favorecem a formação da placa bacteriana que, por sua vez, utilizam o açúcar como fonte de energia para a produção de ácidos, ocasionando em cáries. A Dr. Paula ainda relembra a importância do consumo de água na prevenção da cárie.

Muitos pais acreditam que os dentes de leite não precisam de tantos cuidados quanto os dentes permanentes pois são dentes temporários, mas eles são tão importantes para a autoestima das crianças quanto para o desenvolvimento dos dentes permanentes. “Dente de leite tem raiz, dente de leite dói, dente de leite tira noites de sono e tem função", esclarece a Doutora. Uma das principais funções dos dentes de leite é a proteção da arcada dentária da criança. Caso esses dentes caiam antes da hora ou apresentem cáries, o pleno desenvolvimento dos dentes permanentes pode ser prejudicado. 

Idealmente, a nossa alimentação não deveria ter adição de açúcares ou produtos industrializados, mas a Dra. Paula recorda que as atribulações do dia a dia requerem que façamos refeições rápidas e muitas vezes não muito saudáveis. Sobre a idade em que as crianças poderiam começar o consumo de açúcares a Doutora diz que “a partir dos dois anos é que a Sociedade de Pediatria aconselha que seja inserido açúcar, mas tudo sem excesso”, finaliza.
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