Futuro. Uma palavra que definitivamente me instiga. O que é o futuro se não uma confusa união de medos, ansiedades e desejos de alguém cheio de incertezas? O futuro é talvez um delírio coletivo, uma busca da definição do indefinível.

Na arte tudo passou... a vanguarda passou, o moderno passou, o contemporâneo passou e o futuro?, o futuro nada, ele acaba virando uma constante e ao mesmo tempo distante. O futurismo em essência é radical, é destrutivo e explorador. É essa a vida que o jovem atual quer viver? É isso que desejamos?

A visão do jovem Pierre Cardin pós segunda guerra mundial e a minha talvez não seja tão distante. Jovens sonhando com o futuro e evitando colapsar o planeta. O futuro é uma utopia, de tecnologias e desenvolvimento, mas e a paz? A paz é a única certeza que tenho do futuro. Seja com a consciência e a coexistência sustentável com o planeta ou após o colapso.

Pensando nisso minha inspiração surge desse sentimento de medo e esperança em relação ao futuro. Como ponto de partida uso o militarismo, principalmente o tema náutico. Proponho uma peça bem estruturada, em branco com recortes e formatos geométricos característicos de Pierre Cardin. Em contraponto a isso criei uma calça bem ampla com tecido acetinado, leve e com um caimento fluído, isso pensando no menor desperdício possível, o ajuste dessa calça é feito através de cordões, onde se encaixa a minha proposta têxtil: o desenvolvimento desses cordões a partir do desfiamento dos retalhos de tecido da produção produzindo assim uma ciclicidade dentro da confecção.

A utilização do poliéster moldável é uma forma de produzir esculturas interessantes e minimizar o espaço. O planeta precisa de um respiro, pensar e repensar o consumo é uma forma de garantir um futuro melhor. A paz sempre será a solução.