JUNGLE
Para está coleção, o tema escolhido é a crítica da arborização da cidade, trazendo esse expressionismo no mundo artístico (a temática também influencia diretamente na cartela de cor). A ideia é mostrar a narrativa da luta da natureza tentando se manter firme, mesmo com o avanço descuidado da humanidade em relação à urbanização do espaço. Os ambientes sempre existirão em harmonia a fauna e flora do planeta, durante a história, as cidades vêm como a ocupação de alguns desses ambientes, representando a expansão constante do ser humano. Por fim existe uma consciência da indiferença das cidades em relação à natureza, sendo o movimento do “urban jungle” (ou melhor, a ideia da floresta urbana, onde a ideia é a substituição do verde na cidade de forma artística ou materialista).
Esse movimento tem representatividade através de artistas, como o Raku Inoue (conhecido por suas esculturas de cerâmicas plásticas ou de materiais orgânicos), ou grafiteiros Mike Makatron (com trabalhos realizados principalmente em paredes, telas e ilustrações no papel). Assim, a solução que queremos apresentar é uma coleção que converse com o movimento do “urban jungle”.
O público da coleção engloba jovens, em torno de 20 a 30 anos e agêneros, que moram no interior, que gostam de acampar e fazer mochilão. Esses jovens representam pessoas ativas com uma vida que busca uma boa dose de aventura. Ambas as atividades, acampar e mochilão, também representam liberdade para essas pessoas. Também é necessário ser flexível, e abraçar os presentes ou surpresas do caminho. Por morarem no interior já estão, muitas vezes, acostumados com as lindas paisagem e o contato com a natureza, porém quando você acampa ou faz mochilão isso é mais intenso e leva os jovens a aprender a respeitar, admirar, cuidar e viver de forma mais simples, mesmo que seja temporariamente. Observando esses elementos de público foi criada uma persona (imagem abaixo) que representasse as características de personalidade e estilo de vida
Buscando trazer a mensagem do design universal, de incluir e abraçar os outros, é pensado também em acrescentar uma limitação base para trabalhar: o vitiligo. O vitiligo é uma condição crônica caracterizada por áreas de despigmentação da pele, tornando-as brancas e com margens bem delimitadas. Os pelos também podem ficar brancos, e o interior do nariz e da boca podem ser afetados. Essa condição pode trazer algumas privações para a pessoa, como não tomar sol, cuidado para não machucar a pele, evitar roupas apertadas, nada de químicas nos cabelos e nada de tatuagens. O stress também pode aumentar as manchas na pele. Porém, essa condição pode levar alguém a se amar mais ou até se sentir mais bonita, por exemplo, a pessoa saber brincar de combinar em fotos as manchas da pele com formas que vê por aí, de diversos ângulos. O mais difícil pode ser ignorar o preconceito da sociedade, porém a pessoa que se aceita e sente não haver nada para se envergonhar, acha a autoconfiança para se sentir linda com o vitiligo.
A escolha de tecidos e aviamentos da coleção coloca o nosso projeto de design universal em primeiro lugar, incluindo necessidades do nosso público alvo. Por isso trabalhamos com a utilização de tecidos com proteção UV, que protege as pessoas com vitiligo, por suas manchas poderem virar queimaduras solares. Além que a escolha de trabalhar com malharia, conversa com o cuidado à sensibilidade da pele destas pessoas, através do contato do tecido na pele, e a elasticidade/flexibilidade no canelado. Os aviamentos também buscam o conforto, pois os acabamentos feitos para tais na hora de inserir na peça, prezam a forma do contato com a pele da pessoa.
O processo de estamparia da coleção, busca representar o tema aliado ao ponto crítico do projeto. Assim é trazida a questão da arborização da cidade, inserindo elementos da cidade e na natureza em harmonia nas estampas.
Representando o movimento da selva urbana descrito durante toda a coleção.
Representando o movimento da selva urbana descrito durante toda a coleção.
Os croquis trazem uma coleção outono/inverno, com roupas estilo sportswear. Esse conceito conversa com o tema abordado e o público alvo, trazendo a natureza e a cidade. Por isso as peças apresentam diversos bolsos, pensando na funcionalidade. Além que nossas peças de sobreposição (OVER) contém mochilas embutidas, que permite praticidade para a pessoa. Esses bolsos e mochilas vem pelas atividades ao ar livre que o nosso público realiza, e a escolha de mochilas embutidas apenas nas peças de sobreposição, preza o conforto da pessoa. Tais elementos (bolsos/mochilas e escolha do tecido) conversam com 1° design universal: uso equitativo, que representa o design util,
comercializável, atraente e seguro, e essas quatro características descrevem os princípios que as nossas peças buscam apresentar para o público, trazendo o que é funcional a para tais pessoas sem estigmatizar ou segregar qualquer usuário.
comercializável, atraente e seguro, e essas quatro características descrevem os princípios que as nossas peças buscam apresentar para o público, trazendo o que é funcional a para tais pessoas sem estigmatizar ou segregar qualquer usuário.
Também a maioria das peças, são modelagens que cobrem a maioria do corpo, e trazem acabamento em canelado, ajustando a peça colada ao corpo, porém flexível. Essa abordagem conversa com a necessidade de proteção às queimaduras e preocupação da sensibilidade da pele, das pessoas com vitiligo. Tal ideia conversa com 6 º princípio universal: baixo esforço físico, que representa um design eficiente, confortável e o mínimo de fadiga. Assim, nossas roupas têm a flexibilidade combinada ao conforto que permite o usuário ter uma posição neutra e impedir os movimentos excessivos e repetitivos, na realização de uma tarefa (como o cenário das atividades ao ar livre que o nosso público enfrenta).
Por fim, alguns croquis são selecionados para confecção, e passados para desenhos e fichas técnicas. Algumas dessas peças também são produzidas como protótipos em algodão cru, permitindo avaliar fisicamente parte da coleção.
