Jogo da Vida: Cidade Maravilha
Board Game | 2021
[PT-BR]
Projeto orientado pela professora Carolina Noury durante a disciplina de Design Social do curso de Comunicação Visual Design na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Neste trabalho, abordamos a questão da discrepância social como um todo. Desde a mobilidade urbana, vínculos empregatícios e oportunidades de educação e qualidade de vida.
Ambientado no Rio de Janeiro, o Jogo da Vida - Cidade Maravilha foi criado a partir das nossas vivências e de recortes jornalísticos. O carioca é conhecido pela “malandragem” e pelas “gambiarras”, mas se analisado mais a fundo, esses estereótipos são fundamentados na realidade. A distância social encontrada na cidade não existe só entre as localidades, como zona sul e zona norte, mas muitas vezes dentro do mesmo bairro, como Botafogo e o morro Santa Marta.
Somos acostumados a desde sempre fazer uma “gambiarra” nas situações; um empréstimo com a vizinha para tampar o buraco do salário atrasado, uma rifa para complementar o celular roubado, um gato na luz para não viver na escuridão. Enquanto isso, a high society toma champanhe na sacada e brinda a vida boa que o “jeitinho proporcionou”. Um jeitinho na CLT dos funcionários, um jeitinho na blitz, um jeitinho naquele imposto “desnecessário”.
Até a escolha das palavras é diferente. Gambiarra é coisa de pobre, jeitinho é coisa de rico.
Moramos em uma das 10 metrópoles mais desiguais do mundo, onde a classe trabalhadora gasta em média quase ⅓ do seu salário no transporte público, tendo em média 2 milhões de pessoas saindo das zonas mais pobres da cidade, para ter acesso a um emprego ou a um serviço decente de educação. As oportunidades na nossa cidade ficam nas esquinas da zona sul.
A população mais pobre da cidade precisa de dinheiro para ter acesso ao transporte que a leva para os melhores serviços e oportunidades. As pessoas precisam de dinheiro para conseguir um emprego, além de termos um péssimo sistema de transportes dominado pelas empresas de ônibus, que dificulta a existência de um sistema funcional de transporte e mobilidade urbana.
O objetivo desse jogo é escancarar as diferenças e mostrar de uma forma didática que a vida do playboy é diferente da vida do suburbano. É aquele ditado: “Quer que desenhe?”, então desenhamos.
Colocamos os mais diferentes dilemas vividos, e até os caminhos são diferentes: Um mais longo e o outro mais curto. Nem precisa pensar muito para associar qual caminho pertence a quem.
Entretanto, diferente do jogo original, mais uma vez a nossa versão se assemelha a vida. Ao invés de terminar em riqueza ou
falência, termina em morte, afinal, é o destino de todos, né?
obs: essa apresentação e esse jogo contém altos níveis de ironia.