Autorretratos da Quarentena

Autorretratos da Quarentena - Ano um

Photography x Art x Quarantine

1. Março de 2020

Estive em casa, em lockdown, desde fevereiro de 2020. Não curti carnaval, não saí pra ver amigos, por um longo tempo achei que era apenas medo. Até março chegar e com ele a notícia que a pandemia estava acontecendo no Brasil. Com essa notícia a reafirmação de perigo foi real, mas com essa reafirmação, também se foram todos os meus planos para o resto do ano. Então precisei me reinventar, peguei a câmera e comecei a tirar autorretratos pessoais

2. Aprendendo a se expressar e entendendo a pandemia

É estranho olhar pra trás e ver como meus primeiros autorretratos fazem um paralelo com meu sentimento sobre a pandemia. Eu não entendia muito o que tava fazendo, também não entendia muito o que tava acontecendo com o mundo, todo mundo estava em um processo de tentando entender como as coisas seriam.

Meses se passaram e fui melhorando nesse processo, enquanto isso, o mundo ia entendendo o que era uma pandemia. O que significava não poder ver os amigos, o que era saudade constante. E assim fomos improvisando e explorando nossa realidade a medida que o tempo passava.

3. Tem dias que a gente tá mal. (Abril - Setembro)

Em meados da metade do ano um fenômeno muito estranho foi rolando, depois da poeira abaixar, parece que uma necessidade de autoafirmação e produção surgiu na pandemia. As pessoas pareciam afirmar que entender que estar em casa em lockdown=ter tempo livre, e com isso, uma ansiedade enorme dentro de mim foi surgindo de dentro pra fora. O que era ser produtivo? Eu deveria estar fazendo vários cursos online ao invés de tirar minhas fotos e cuidar da minha vida? Esse sentimento não era só meu, e de pouco em pouco, todo mundo parecia estar em uma grande pilha e ânsia sobre o "ser produtivo" e "saber usar esse tempo" que estávamos em casa.

A verdade era mais simples do que parece: Apesar de falar que sim, ninguém ainda sabia lidar com a pandemia. E todo mundo, no fundo, estava triste.

4. Foi como andar de bicicleta

O tempo foi passando e fui me acostumado com tirar autorretratos, assim como o mundo estava achando maneiras de andar pra frente e seguir andando. Esse meio tempo me deixei entrar em narrativas e temas que me interessavam e sinceramente: Senti como se finalmente estivesse pegando o jeito da coisa toda.

5. Entendendo o processo (Outubro 2020 - Março 2021)

No fim de outubro não parecia que tudo iria acabar tão cedo, algo que ainda soa meio desesperador, afinal, estamos em março e nada no Brasil parece ter mudado. Mas passei a fazer as pazes com o fato de que não posso fazer nada fora do meu alcance. Na verdade, acho que aceitei que ninguém sabe de fato o que tá fazendo e todo mundo ainda tá improvisando, só que assim como nos autorretratos, no fim das contas, talvez a gente vá ficando bom em improvisar. Na fotografia, na edição, no trabalho, na vida pessoal, na vida.